Enfrentar os pontos de inflexão através do segundo pilar – «Construir juntos a confiança»

Olivier Clyti

Construir a confiança na era digital – O ponto de vista de Olivier Clyti, Diretor de Estratégia, RSE e Digital, InVivo, França

  1. Para começar, poderia se apresentar brevemente e nos dizer o que o levou a trabalhar no mundo cooperativo, em particular na InVivo?

Sou Olivier Clyti, Diretor de Estratégia, Inovação Digital e RSE do Grupo InVivo e membro do Comitê Executivo.

Antes de ingressar no universo do cooperativismo, venho, acima de tudo, do mundo agrícola, de onde segui para a indústria de serviços. — sou filho de agricultor e ainda muito próximo desse universo. Comecei minha carreira como financeiro em uma empresa familiar privada, o Grupo Soufflet, que deixei em 2001 para ingressar em uma empresa listada na bolsa, a Veolia. Após 13 anos, retornei ao Soufflet como Diretor de Operações e membro do Conselho de Administração.

Em 2021, trabalhei ativamente na venda do Grupo Familiar Soufflet para o Grupo Cooperativo InVivo. Portanto, posso dizer facilmente que entrei no mundo da cooperação por acaso, mas reencontrei valores bem familiares — meu pai, agricultor, esteve muito envolvido no Crédit Agricole e na Groupama. Os valores da entreajuda, da responsabilidade, do interesse coletivo e do impacto para a agricultura francesa, aliados a uma governança sólida, continuam sendo, para mim, um dos grandes atrativos desse tipo de organização, que também tem a capacidade de se projetar no longo prazo e mostrar o caminho.

  • Na InVivo, como vocês utilizam concretamente as ferramentas digitais para reforçar a cooperação entre seus membros ou parceiros? Poderia dar um exemplo marcante?

A InVivo considera há muito tempo o digital como um desafio estratégico, tanto para o grupo quanto para os membros da União InVivo — as 170 cooperativas associadas.

Por exemplo, desenvolvemos a plataforma Aladin.farm, de e-commerce, utilizada por cerca de 15 cooperativas com suas próprias marcas, que hoje gera mais de 300 milhões de euros em faturamento e atinge dezenas de milhares de associados. Esta plataforma, em constante evolução, se beneficia dos efeitos de mutualização dos diferentes ativos digitais do grupo.

  • A confiança está no centro do modelo cooperativo. Como, na InVivo, vocês integram soluções digitais mantendo essa confiança, especialmente na gestão de dados?
  • Uma governança clara
  • Regras simples
  • Nós explicamos
  • Dizemos o que fazemos e fazemos o que dizemos

Outro ponto é desmistificar a questão dos dados: seu valor só se cria pelo coletivo, pela mutualização — em outras palavras, pela cooperação.

  • Diante de desafios globais como as mudanças climáticas ou a soberania alimentar, que tipos de colaborações digitais ou internacionais vocês desenvolveram ou estão considerando na InVivo?

As mudanças climáticas são uma realidade vivida diariamente por nossos agricultores associados às cooperativas e clientes, mas também por nossos próprios membros e unidades industriais: recursos energéticos e hídricos, picos de temperatura, ondas de calor, inundações e muitos outros impactos.

Nossas preocupações com esses impactos se traduzem em diversas políticas que o grupo implementa, visando reduzir ou limitar nossa pegada ambiental.

O digital é uma ferramenta formidável, que nos ajuda a gerenciar de forma frugal nosso consumo, otimizando o uso de água e energia. Também desenvolvemos serviços de agricultura de precisão que contribuem para reduzir impactos e, por fim, criamos ofertas de impacto positivo, voltadas para enfrentar desafios essenciais como clima e biodiversidade.

  • Por fim, o que mais o inspira na evolução atual do modelo cooperativo e que mensagem gostaria de transmitir à próxima geração de cooperadores?

A principal mensagem é de vigilância:

  • Atenção para não perder o ADN do coletivo
  • Atenção para não perder o ADN do longo prazo
  • Atenção para não perder a conexão com a realidade do campo, que permite antecipar e se adaptar
  • Atenção para não perder o ADN da governança equilibrada

Tudo isso mantendo a dupla performance: econômica e ambiental, no sentido mais amplo.

Este modelo já garantiu o sucesso de muitos setores — agrícolas, industriais, financeiros e de seguros. É fundamental preservar a capacidade de inovar e preparar o futuro, pois é responsabilidade do modelo cooperativo mostrar o caminho.

Trata-se de um modelo que pode ser altamente eficiente quando bem implementado — e a história já provou isso. Aliás, vemos outros modelos se aproximarem do cooperativismo, como é o caso das Sociedades com Missão, que reforçam a ideia de que o impacto — sobre o meio ambiente no sentido amplo — também cria valor.

Eu estou convencido que o nosso modelo cooperativo é um modelo para o futuro.

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