O GICS Inova para Você – Uma Imersão Total com os Participantes

“A ética não é uma concessão, mas uma condição essencial para o sucesso a longo prazo das cooperativas.”

As Fábricas de Inovação do GICS 2025 colocam os participantes no centro da ação, conectando-os diretamente com especialistas em tempo real graças ao Mur Web. Com funcionalidades como perguntas e respostas, votações, quizzes, nuvens de palavras e estatísticas em direto, o Mur Web estimula a participação e transforma cada Fábrica de Inovação num verdadeiro laboratório de ideias dinâmico, onde estratégias concretas emergem instantaneamente.

Falámos com Michel Séguin, doutor em filosofia e mestre em economia, que é professor titular do Departamento de Recursos Humanos e Organização da Universidade do Québec em Montreal. É codiretor da Cátedra Guy-Bernier em Cooperativismo. Depois de mais de doze anos no seio do Mouvement Desjardins, atualmente faz parte do conselho de administração da Caisse Desjardins du Centre-est de Montréal e preside ao comité de ética da Desjardins Sécurité Financière.

GICS: Na sua opinião, quais são hoje as estratégias mais eficazes para instaurar uma cultura de responsabilidade no seio das cooperativas?

Michel Seguin: A estratégia mais eficaz para instaurar uma cultura de responsabilidade nas cooperativas assenta no compromisso claro e sustentado da direção e do conselho de administração. Com efeito, a adesão dos órgãos de decisão é determinante para integrar a responsabilidade como uma verdadeira alavanca de sucesso, em vez de a tratar como uma questão secundária, constantemente suplantada por outras prioridades operacionais.

Uma abordagem estruturante consiste em considerar as inconformidades éticas como riscos empresariais por direito próprio e integrá-las diretamente no registo global de riscos. Isso permite analisá-las segundo os mesmos critérios das outras categorias de risco: avaliar as consequências potenciais para a organização e a probabilidade de ocorrência.

Procedendo desta forma, os riscos éticos aparecem no mesmo plano que os riscos financeiros, operacionais ou estratégicos. Os riscos considerados significativos ou até críticos recebem então a atenção que merecem. A direção e o conselho de administração ficam na obrigação de definir e implementar medidas de mitigação adequadas, de modo a reduzir o risco residual a um nível considerado aceitável.

Essa integração nos processos de governança transforma a ética e a responsabilidade em questões estratégicas incontornáveis, contribuindo para construir uma cultura organizacional duradoura, credível e alinhada com os valores cooperativos.

GICS: Quais são os principais obstáculos que observa quando se trata de reforçar a responsabilidade em todos os níveis da organização?

MS: A minha resposta baseia-se no facto de que, atualmente, todos são a favor da ética, mas para muitos, gerir essa dimensão equivale a fazer um sacrifício. A ética sendo percebida como um gesto altruísta.

Um dos principais obstáculos ao reforço da responsabilidade nas organizações cooperativas está precisamente na perceção da ética. Demasiadas vezes, ela é considerada um sacrifício ou um gesto altruísta, em vez de uma alavanca estratégica. Nesta ótica, dedicar recursos à responsabilidade é visto como um custo adicional, o que dificulta a sua integração concreta nas prioridades organizacionais.

Enquanto a direção e os conselhos de administração não reconhecerem que a ética não é uma concessão, mas uma condição essencial para o sucesso a longo prazo, ela permanecerá confinada ao nível do discurso. Ora, a ética constitui um fator-chave de credibilidade e confiança, indispensável para mobilizar e manter a colaboração de uma vasta rede de parceiros — membros, empregados, clientes e comunidades.

Em outras palavras, o verdadeiro obstáculo reside na falta de sensibilização para o valor estratégico da ética. Só demonstrando o seu papel na perenidade e na competitividade das cooperativas será possível ultrapassar a lógica do sacrifício e inscrever a responsabilidade na estratégia e nas práticas correntes de gestão.

GICS: Que resultados concretos espera que os participantes retirem desta Fábrica e implementem nas suas próprias cooperativas?

MS: Os resultados concretos esperados da Fábrica são que os participantes reconheçam plenamente a dimensão estratégica da ética para o sucesso e a perenidade das suas cooperativas. A ética não deve ser encarada como uma finalidade abstrata ou meramente normativa, mas como um meio essencial de reforçar a viabilidade organizacional e a colaboração a longo prazo, sendo também um alicerce para a coesão de toda a coletividade.

O objetivo é, portanto, passar de um discurso de princípio para uma verdadeira integração na gestão. Isso pressupõe que os dirigentes traduzam os seus compromissos em práticas concretas, implementando mecanismos de gestão adequados. Uma abordagem pragmática e eficaz consiste, nomeadamente, em integrar os riscos éticos no registo global de riscos da organização.

Ao adotar esta abordagem, as cooperativas estarão em condições de avaliar esses riscos com base na sua probabilidade e impacto, da mesma forma que os riscos financeiros, operacionais ou estratégicos. Esse processo favorecerá a implementação de medidas concretas de mitigação e, consequentemente, o alinhamento duradouro entre os valores cooperativos e o desempenho organizacional.

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