“Enfrentando os Pontos de Inflexão: Terceiro Pilar – Cocriação para uma Mudança Inclusiva e Duradoura”

Meredith Lobel

Meredith Lobel, Co-Fundadora & Diretora de Produto, Principle 6 (EUA)
Moderadora da sessão plenária: “Cocriação para uma Mudança Inclusiva e Duradoura”

Meredith Lobel é uma voz de destaque na interseção entre os valores cooperativos e a inovação digital. Como cofundadora e Diretora de Produto da Principle 6, trabalha para oferecer às cooperativas as ferramentas de que precisam para prosperar em um mundo em rápida transformação — sem comprometer seus fundamentos democráticos.

No GICS 2025, Meredith será a moderadora da sessão plenária “Cocriação para uma Mudança Inclusiva e Duradoura”, uma conversa que pretende destacar como as cooperativas podem liderar a construção de sistemas mais inclusivos, sustentáveis e resilientes. Nesta breve entrevista, ela reflete sobre sua trajetória, seu trabalho e o que espera inspirar por meio desta sessão decisiva.

. Você pode nos contar um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional, e o que a levou a cofundar a Principle 6?

Ao longo da minha trajetória, sempre busquei construir movimentos que combinem visão com infraestrutura. Desde os meus primeiros trabalhos com cooperativas de café de comércio justo na América Central, pude testemunhar de perto como o modelo cooperativo pode reescrever as regras do comércio, colocando as pessoas e o planeta no centro. Essa convicção me levou à Ashoka, onde trabalhei com agentes de mudança no mundo inteiro e descobri o poder de apoiar o empreendedorismo social por meio de sistemas e estruturas, não apenas de narrativas.

Desde a criação de uma start-up de bem-estar derivada da IDEO até a orientação de equipes de inovação com propósito social, complemento o pensamento sistêmico com o design centrado no ser humano, ajudando organizações a criar estruturas que promovam inovação, inclusão e impacto.

Ao lado do vencedor do Prêmio Rochdale, Howard Brodsky — cuja visão fundadora é a base da Principle 6 — e dos cofundadores Megan Michelakos e Justin Hammons, ambos com décadas de experiência em marketing e serviços tecnológicos para cooperativas, decidimos criar a infraestrutura digital capaz de acelerar o movimento cooperativo. Acreditávamos que as cooperativas precisavam de ferramentas projetadas especificamente para capacitá-las a construir, aprender e agir em conjunto.

Essa crença é a nossa bússola: cooperação entre cooperativas como princípio e prática, apoiada por plataformas que tornam a governança democrática e a ação colaborativa mais práticas e mais poderosas.


2. Qual é a missão da Principle 6 e como o seu trabalho contribui para a transformação cooperativa?

Inspirada no 6º Princípio Cooperativo — Cooperação entre Cooperativas — a Principle 6 é uma cooperativa que pertence aos seus membros, criada para oferecer às cooperativas a infraestrutura digital compartilhada de que precisam para se adaptar e prosperar em um mundo em constante mudança, sem abrir mão dos seus valores.

Nossa missão é fortalecer o “tecido conectivo” da economia cooperativa para que as cooperativas possam colaborar, governar e crescer com integridade. Acreditamos que o futuro dessa economia depende de ferramentas acessíveis, interoperáveis e guiadas por valores, capazes de funcionar em diferentes setores e geografias.

Na prática, isso significa criar plataformas que facilitem o compartilhamento de informações, a comunicação de impacto e a colaboração em larga escala. Desde sistemas de engajamento de membros até marketplaces intercooperativos, nossos produtos são projetados não apenas para resolver desafios operacionais imediatos, mas também para fortalecer a resiliência de longo prazo do movimento cooperativo. Ao desenvolver junto com as cooperativas e para elas, ajudamos o setor não apenas a acompanhar as mudanças, mas a liderá-las.

O movimento pela propriedade equitativa merece uma infraestrutura digital tão ousada quanto os seus valores. A Principle 6 é essa infraestrutura.


3. Como moderadora da plenária “Cocriação para uma Mudança Inclusiva e Duradoura”, que temas ou conversas você espera destacar?

Tenho o privilégio de moderar a sessão Cocriação para uma Mudança Inclusiva e Duradoura, que espero que seja uma conversa dinâmica sobre como as cooperativas podem impulsionar a transição para um futuro mais justo e sustentável — por meio de trabalho significativo, investimentos responsáveis e valores compartilhados que fortaleçam as comunidades.

Quero evidenciar formas práticas de como a cooperação pode multiplicar o impacto das mudanças sistêmicas. Isso significa falar com franqueza sobre as tensões e escolhas que surgem ao escalar sistemas inclusivos, e compartilhar modelos em que a cocriação gerou mudanças duradouras, não apenas simbólicas. Quero examinar como as cooperativas podem atuar de forma transversal — da agricultura à tecnologia, passando pela energia — para enfrentar crises interligadas como a mudança climática, a desigualdade e o enfraquecimento da democracia.

Também será fundamental explorar o que é necessário para que esses avanços ocorram no ritmo que o desafio exige. As cooperativas têm potencial para serem instituições âncora da transformação — desde que invistamos em sistemas, competências e relações que tornem possível a cooperação entre diferentes setores, geografias e indústrias. Queremos discutir quais investimentos e infraestruturas podem impulsionar o setor a liderar essas transformações.


4. Na sua visão, quais são as formas mais poderosas de as cooperativas acelerarem a transição ecológica e social?

As cooperativas são feitas para pensar no longo prazo — onde propriedade e responsabilidade se alinham em favor das pessoas e do planeta. Isso as torna líderes naturais da transição ecológica. Pelo mundo afora, cooperativas de energia estão construindo usinas comunitárias de energia solar e eólica, mantendo tanto os lucros quanto as decisões nas comunidades. Cooperativas agrícolas estão ajudando pequenos produtores a adotar práticas regenerativas e orgânicas, restaurando solos e garantindo acesso justo ao mercado. Cooperativas habitacionais estão assegurando a moradia acessível no longo prazo por meio de land trusts comunitários, além de realizar reformas de eficiência energética que seriam impossíveis para proprietários individuais. Assim, o cuidado ambiental fica incorporado à própria governança, criando resiliência de baixo para cima.

No campo social, as cooperativas provam que é possível ser democrático, justo e competitivo ao mesmo tempo. Cooperativas de trabalhadores transformam resíduos têxteis em novos produtos de valor, reduzindo o volume enviado a aterros e criando empregos dignos. Cooperativas de crédito e bancos cooperativos direcionam capital para infraestrutura verde local, em vez de mercados especulativos, garantindo que os investimentos atendam às necessidades da comunidade. Em todos esses setores, as cooperativas mostram como compartilhar poder, distribuir riqueza e vincular o sucesso ao bem-estar das pessoas e dos lugares onde vivem.


5. O que você mais deseja que os participantes levem dessa sessão?

Espero que os participantes saiam desta plenária com inspiração e um roteiro — motivados por histórias de cooperativas que lideram mudanças profundas e munidos de estratégias claras e práticas para impulsioná-las. Quero que percebam que esses modelos não são nichados nem experimentais, mas sim escaláveis, resilientes e prontos para o trabalho urgente que temos pela frente.

Acima de tudo, quero que se sintam parte de um movimento comum — onde o sucesso individual está ligado à saúde do todo. É fundamental que os participantes se sintam vistos e ouvidos, e entendam que, embora esse trabalho seja complexo, ele se torna mais viável com solidariedade.

Se sairmos do GICS 2025 com conexões mais fortes, maior confiança e um compromisso renovado com a construção de uma mudança inclusiva e duradoura, teremos dado um passo vital adiante.

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